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terça-feira, 20 de setembro de 2011


Fragmento do texto  Simbologia água Imaginário Grego

Ø  A importância da água era tão importante, que Elmo (1998) lembra que este elemento teve um papel de agregação muito forte em todas as civilizações primitivas ribeirinhas e mediterrâneas. Assim, os rios, fontes de vida e vias de comunicação de todas as antigas civilizações, possuíam importância simbólica significativa e a água representava o nascimento e a morte, a origem e o fim da vida. A vazão do rio à jusante era vista como uma progressão à indiferenciação  (o oceano), e à montante, o retorno ao princípio (a fonte), sendo que a sua travessia tinha o significado de passagem de um estado do ser para outro (a margem oposta). Desta forma, os cursos d’água estavam impregnados de simbolismo - ao se aproximar de suas fontes, encontrar-se-ia a corrente da vida, da morte e a ‘corrente da consciência’ pelas quais seríamos levados desde o nascimento. (RODRIGUES, 1998, p. 5) Por isso, na Antiguidade grega o rio Meandro, por exemplo, era considerado “uma dádiva sagrada”, e não apenas para os gregos, sendo inclusive venerado também por outros povos na Ásia Menor (RODRIGUES, 1998, p. 5). Tal manifestação mítica, relacionando sacrifício e abundância fluvial, parece ter sido compartilhada por várias culturas da Antiguidade que se desenvolveram nas bacias de grandes rios. Assim escreve Schama (1996, p. 26): o curso arterial e autocontrolado do rio sagrado semelhante à corrente sanguínea dos homens constituíra uma imagem permanente do fluxo da vida, a linha das águas, do começo ao fim, do nascimento à morte, da fonte à foz [...]. Ademais, dominou a linguagem dos rios na Europa e no Ocidente, fornecendo imagens sobre a vida e a morte de nações e impérios e para a fatal alternância entre comércio e calamidade. Evidentemente, se levarmos em consideração a composição topológica da Grécia, não podemos separar, no espaço imaginário, os elementos água e ilha. Sabe-se também que as ilhas tinham importância estratégica, econômica e cultural na antiga civilização grega. No que diz respeito ao imaginário grego, as ilhas aparecem como uma forma de engodo, como uma ilusão de segurança que não existe. Surgem frequentemente envoltas em encantamento, e principalmente em Odisseia, pudemos observar como o herói, por inúmeras vezes, é aprisionado nessas famosas e misteriosas ilhas. Aliás, as ilhas continuaram, por muito tempo, a apresentar essa faceta misteriosa, tanto que ainda na Idade Média, eram símbolos portadores de múltiplos significados, sendo tidas como morada dos anjos decaídos, seja como paraísos terrestres, lugares sagrados e morada dos mortos, como sucedia com as ilhas brancas celtas. Além das ilhas, merecem destaque nos mitos gregos as fontes encantatórias. Na narrativa de Jasão e o velocino de ouro, Hércules deixou os companheiros porque Hilas, um jovem de sua predileção, havia desembarcado para buscar água numa fonte e foi pelas ninfas da fonte aprisionado, devido à sua grande beleza. Em outro mito, Narciso se apaixonou pela própria imagem refletida nas águas claras e calmas de uma fonte em que fora tomar água. Ao beber da fonte, o jovem deparou- se com sua própria imagem e pensou que fosse algum belo espírito das águas. Apaixonado, não comia e não dormia, até que se exauriu neste amor hipnótico por si mesmo. Como é possível constatar, a água, seja ela do mar, do Oceano, das ilhas ou das fontes, era um grande desafio para os gregos. Simbolicamente, representava tanto a vida quanto a morte. Em todos os mitos essa ambiguidade está presente, mas poucos conseguem representa-la tão bem quanto o mito do dilúvio (BULFINCH, 1965, p. 18). Contavam os gregos que a Terra passou por quatro idades, a do ouro, a da prata, a do bronze e a do ferro. A primeira caracterizou-se pela inocência e ventura dos terrestres, quando então reinavam a verdade, a justiça, mesmo sem que houvesse leis ou juízes. A terra fornecia aos humanos tudo de que precisassem sem que houvesse necessidade de trabalho, pois a terra vivia em eterna primavera, as torrentes dos rios eram de leite e de vinho, e o mel dourado vertia dos carvalhos. (BULFINCH, 1965, p.18). A seguir, veio a Idade da Prata, em que Zeus reduziu a primavera e dividiu o mundo em estações. Com isso, houve necessidade de se construírem as primeiras casas, para proteger os homens contra as intempéries de cada estação. Como agora a terra já não fornecia ao homem tudo o que ele precisava para viver, tiveram que plantar as primeiras sementes, arando e semeando a terra, com a ajuda do boi. Após a Idade da Prata veio a Idade de Bronze, já com as primeiras armas, sucedida, depois, pela Idade do Ferro, época em que o crime, a corrupção, a mentira e a injustiça irromperam no mundo. A terra, então, teria ficado úmida de sangue (BULFINCH, 1965, p. 20), e os deuses a abandonaram, partindo para a Via Láctea, representada no céu pelo caminho de estrelas que pode ser visto nas noites claras, atravessando o céu e ao longo do qual ficam os palácios dos deuses.

http://www.slideshare.net/professornc/texto-simbologia-agua-imaginario-grego

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